quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Tecnologia do Crime


Botafogo, Rio de Janeiro. Uma aposentada de 79 anos passa sete horas sob tortura psicológica, pendurada ao celular. Criminosos que dizem ter sequestrado sua sobrinha-neta a induzem a fazer saques em caixas eletrônicos. Sabem o nome e os hábitos da vítima. O drama só termina quando a aposentada recebe um contato da mãe da suposta sequestrada, o que evita que ela entregue o dinheiro aos golpistas. Santa Cruz do Rio Pardo, interior de São Paulo. Uma quadrilha clona cartões bancários de cerca de 100 pessoas.

Eles instalam no caixa eletrônico um chupa-cabra, que captura as informações da tarja magnética dos cartões, e realizam saques que passam de 100 mil reais.

Os dois casos acima aconteceram em 2009. Os mesmos gadgets e serviços online usados para aumentar a produtividade no trabalho e no dia a dia das pessoas vêm sendo adotados pelos criminosos para se comunicar com os membros das quadrilhas, obter informações sobre as vítimas, planejar ações e aplicar golpes. "A popularização da internet e da tecnologia também beneficia os criminosos, que estão fazendo uso intenso dessas ferramentas. É a era do ladrão 2.0", afirma o delegado José Mariano de Araújo Filho, do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), da Polícia Civil de São Paulo.

Em abril, o delegado Marcos Carneiro, que na época trabalhava no Departamento de Homicídios e Proteção à Pesssoa (DHPP), da Polícia Civil, interrogou três rapazes que assaltaram um condomínio residencial na zona norte de São Paulo. Eles contaram que o Google Earth é usado por quadrilhas para mapear eventuais falhas de segurança nos condomínios. A prática não se restringe ao Brasil. Em Londres, na Inglaterra, o Google Earth ajudou um construtor inglês a faturar o equivalente a 400 mil reais. Ele usava o software para localizar telhados de chumbo que seriam roubados por ele.

O VoIP é outro recurso que está sendo cada vez mais usado pelas quadrilhas. "Os criminosos estão aderindo aos serviços VoIP porque as informações são criptografadas", diz Araújo, da Polícia Civil de São Paulo. Para a polícia, interceptar os dados em pacotes na internet não é tão simples como fazer um grampo telefônico. Porém, há casos de desbaratamento de quadrilhas que se comunicavam pela web, diz o delegado do Deic. "Já foram descobertas centrais de VoIP dedicadas a grandes quadrilhas", diz o delegado Carlos Eduardo Sobral, da Polícia Federal do Distrito Federal.

"Hoje não se faz investigação sem olhar para a internet", diz Marcus Vinícius Lima, chefe do serviço de perícia de infomática da Polícia Federal. Ele alerta que é perigoso expor informações pessoais na web, em blogs e redes sociais. O delegado Araújo concorda. "Muitas vezes o criminoso conhece bem sua vítima, vai executar o golpe sabendo informações que encontrou facilmente na internet. É a velha engenharia social"Afirma.



2 comentários:

  1. Excelente materia Prof°... situação dificil q infelizmente acontece td os dia.
    Abraços.Tinha visto uma materia dessas, se nao me engano na revista Info do mês passado.Abraços Prof° .

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  2. Realmente Emerson, esta matéria é da INFO.

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